Ser mulher no BrasilNeila Baldi style="width: 25%; float: right;" data-filename="retriever">
Para o ser que ocupa o Palácio, furar o teto de gastos para o novo Bolsa Família não tem problema, afinal, é capital político. Mas fornecer absorvente para meninas e mulheres em situação de vulnerabilidade violaria a lei de responsabilidade fiscal. Ele sabe que pra gente é #EleNão. Não estou dizendo que não é preciso reajustar o Bolsa Família - com a inflação alta e os alimentos caros, é imprescindível. Ocorre que o cálculo é eleitoral: as pessoas atendidas pelo Bolsa Família votariam nele. Do lado de cá é #EleNão. O veto daquele senhor só explicita como nós, mulheres, somos tratadas por este desgoverno. Não é um veto econômico, mas político. Afinal, a lei atende a um público que o combate e foi proposto por uma mulher e do PT: Marília Arraes. Além disso, um machista e homofóbico faria algo que beneficiasse mulheres? INTERESSE PÚBLICO Além da questão econômica, #EleNão disse que a medida contrariaria o interesse público. Por que a saúde feminina de mulheres em situação de vulnerabilidade econômica não é de interesse público? Ora, segundo relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), de maio deste ano, uma em cada quatro meninas vive em situação de pobreza menstrual e mais de 60% já deixaram de ir à escola por não terem absorventes. A pobreza menstrual impacta tanto do ponto de vista psíquico e social quanto na educação e na saúde. Muitas vezes, são usados jornal, pedaços de pano ou papel higiênico e quando os absorvente são usados, não são trocados três a seis vezes como recomendam ginecologistas. Quantas infecções são causadas por isso? SANGRAR Todos os meses, nós sangramos. Todos os dias, as mulheres sangram neste país desgovernado por um machista e misógino. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 17 milhões de mulheres brasileiras foram vítimas de algum tipo de violência e agressão no ano passado e 3,7 milhões foram vítimas ou sofreram tentativas de estupro. A pesquisa mostrou que, em 2020, oito mulheres foram agredidas no Brasil a cada minuto. O mandatário do país não combate, mas estimula a violência. O senhor da casa de vidro faz-nos sangrar além do que a biologia nos impõe. Porque inúmeras são as violências produzidas neste desgoverno. Vetar absorvente é apenas mais uma. Se o homem sangrasse, talvez tivesse absorvente de graça - não é gratuito, viu, é fruto dos nossos impostos! Mas o homem, que não sangra, legisla sobre nossos corpos. Como escrevi em outra coluna, as mulheres representam 15% do Congresso Nacional e os homens respondem por 74% dos projetos desfavoráveis aos nossos direitos. Eles não sangram, mas legislam. E aí eu repito: está mais do que na hora de falarmos: #ElesNão.
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São Paulo pós Covid Noemy Bastos Aramburú style="width: 25%; float: right;" data-filename="retriever"> Andando por São Paulo, a quarta maior capital do mundo, com 21.846.507 habitantes, ficando atrás apenas de Tóquio, Delhi e Xangai, vi uma metrópole que se levanta das chamas, ou melhor, da morte. Apesar do Estado, no mês de junho deste ano, ter registrado mais de 100 mil novos casos da Covid-19, e, na segunda quinzena de maio, ter registrado número de pacientes internados em UTI por complicações da infecção superior a pior estimativa feita pelo Centro de Contingência do Coronavírus, tudo parece estar voltando ao normal. Falei com o médico Dr. João Cezar (nome fictício) que me disse: "Doutora, assumi a UTI de três dos maiores hospitais no auge da Covid, iniciei em fevereiro de 2020, vi horrores. Em uma noite, perdi 18 pacientes, fui até a janela para espairecer antes de avisar as famílias, quando então presenciei uma fila de carros funerários para pegar os corpos" ? "uma madrugada liguei para casa às 4h da manhã, precisava desabafar com alguém que me entendesse e não me criticasse, pois foi horrível entubar uma menina de 17 anos, saudável, sem nenhuma comorbidade. Fiquei 13 dias dentro do Hospital sem poder ir para casa, no 10º dia, eu estava na minha mesa fazendo uma prescrição, quando vi meu melhor enfermeiro" ? (interrompi a fala dele). "Dr. o que senhor quis dizer ser seu melhor enfermeiro?" "Profissional atento, que cuida os pacientes e seus sinais, relatando minuto a minuto quaisquer alterações ou mudanças de quadro, sempre alerta, sem deixar passar nada sem me comunicar. Ele foi um dos profissionais que teve perda, não de familiares, mas de saúde mental. Um estudo realizado no final de 2020, constatou que 78% dos profissionais de saúde tiveram sintomas característicos da síndrome de Burnout durante a pandemia, sendo 79% entre médicos e 74% entre enfermeiros, e ele, infelizmente está nesta estatística." CONSEQUÊNCIAS Além destas nefastas consequências, andando pelas ruas da metrópole São Paulo, constatei o aumento da miséria, onde a população de rua tem o mesmo número dos habitantes de nossa Santa Maria. Entretanto, em Campinas, parece que a pandemia não chegou até lá, cidade rica, com uma das faculdades mais caras de odontologia e de medicina, onde o acadêmico de medicina tem direito a estudar na Suíça por um convênio já incluído na mensalidade. O vírus parece não ter afetado, pelo menos, o bolso desses alunos. Nos barzinhos e restaurantes, esses alunos chegam em Porsches e Ferraris, confirmando que a Covid deixou os pobres mais pobres, enquanto que os ricos ficaram mais ricos ainda. Porém, ricos ou pobres, todos tiramos uma grande lição de vida, ou seja, o homem não é nada, basta um vírus para nos deletar. Ficou uma lição maior. Deus está acima de tudo isso. Se vencemos, foi porque Ele permitiu. Que Deus ajude os brasileiros e brasileiras.
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